Na época em que os materiais artificiais eram limitados e raros. A Arquitectura Tradicional encontrou soluções próximas do que hoje se denomina de Arquitectura Bioclimática ou mais recentemente Construção Sustentável. Nos dias que correm, esta última ainda aplica princípios básicos da construção tradicional. No passado, por exemplo, os portugueses recorriam à cal para as paredes das casas do Sul do País e, no Norte, as janelas obedeciam a uma orientaçãao a sul. Nem a localização das aldeias era deixada ao acaso porque era um dado decisivo. Tal como a orientação, o isolamento e a disposição interior do espaço. Todos pesam na hora de aliar a arqútectura ao potencial do clima exterior.Já nesse tempo o recurso a materiais com determinadas características térmicas era privilegiado sempre que se tratasse de manter um nível de conforto estável, independentemente da temperatura exterior.
(Artigo sobre Arquitectura Bioclimática – Revista Unibanco Edição 127 2009 – Texto: Sandrine Lage)
A promoção imobiliária exige cada vez mais projectos de futuro, socialmente, economicamente e ambientalmente sustentáveis, para uma sociedade que se encontra em constante transformação. O desafio para o arquitecto encontra-se nesta questão como projectar uma habitação para uma família de uma sociedade diversificada culturalmente, economicamente, com diferentes tipos de agregados familiares, em mudança constante e mais exigente.
O projecto proposto é um espaço de habitação flexível e adaptável, de modo a responder melhor a um maior número de pessoas e ao mesmo tempo optimizado em termos dos recursos naturais e energéticos envolvidos, providenciando-lhe assim uma mais-valia social, económica e ambiental.
PROJECTO/AUDÁCIA
A vivenda é composta por espaços sociais com diferentes funções nos dois pisos (salas de estar e de jantar, cozinha e escritório) e espaços privados compostos por três quartos distribuídos pelos dois pisos (dois quartos e um quarto com casa de banho e de vestir no primeiro piso).
A grande permeabilidade da vivenda com o exterior, dada através de grandes vãos envidraçados, proporciona a sensação de espaços mais amplos, iluminados e de contemplação ao mar ou rio. Uma grande comunicação entre os espaços interiores, dada por grandes aberturas, permite uma utilização diversificada dos espaços e uma maior relação entre o agregado familiar, sendo sempre possível dar privacidade aos quartos situados nas extremidades.
Os espaços amplos da vivenda permitem zonas adaptáveis a diferentes actividades quotidianas como cozinhar, trabalhar, ler, descansar ou contemplar, entre outras. A utilização de grandes espaços amplos e de divisórias leves nos espaços interiores, permite uma maior conversão dos espaços, proporcionando uma habitação flexível às alteraçõees do agregado familiar.
ENERGIAS RENOVÁVEIS
A transformação de energias renováveis em energia útil é feita através de painéis solares fotovoltaicos instalados na guarda do primeiro piso e por dois aerogeradores colocados na cobertura, estes elementos servem a produção de energia eléctrica. A instalação de painéis solares térmicos e um conjunto de colectores horizontais, aproveitam a energia solar e geotérmica para o aquecimento do ambiente interior e das águas sanitárias. O telhado inclinado proporciona a recolha das águas da chuva para aproveitamento com fins não potáveis, como na rega do jardim, lavagem de espaços exteriores e veículos, descargas de autoclismos e lavagens de roupa e de loiça. A água armazenada nos depósitos circula num sistema independente da água da rede potável, no entanto, pode ser instalado no depósito um filtro com raios ultravioletas que purifique a água e a torne potável. O aproveitamento da água da chuva permite uma grande redução dos consumos de água, muito importantes principalmente em zonas com períodos de seca.
EXEQUIBILIDADE DA SOLUÇÃO
A vivenda foi idealmente projectada para o clima temperado moderado do Algarve, zona de Loulé, onde as temperaturas oscilam entre os 30 º C no Verão e 5 º C no Inverno.
As aberturas nos alçados foram cuidadosamente localizadas e dimensionadas de modo a promoverem a entrada de Sol no Inverno, evitarem perdas excessivas de energia e permitirem a ventilação cruzada no Verão. A boa iluminação natural permite que, em 85% das vezes, a luz é suficiente para as tarefas durante o dia, não sendo necessária a luz artificial.
Em termos económicos, a opção pelo investimento da construção de uma vivenda sustentável de qualidade durável e energeticamente eficiente, tem menores custos de utilização. Aliados a uma Arquitectura energeticamente mais eficiente, a utilização do Sol, Vento e Água, é compensadora em termos de utilização de energia da rede e água para consumos.
ARQUITECTURA INOVADORA
SISTEMAS BIOCLIMÁTICOS
CUSTO DE OBRA
Os elementos arquitectónicos do projecto que aproveitam o Sol, Vento e Água para a iluminação, ventilação, aquecimento, arrefecimento e protecção do calor, conferem um melhor desempenho energético da vivenda. Os grandes vãos envidraçados sombreados pelo telhado que se projecta para além do plano da fachada, protegem os espaços interiores do calor da radiação solar no Verão, permitindo no entanto a penetração solar no Inverno para aquecimento.
A grande relação dos espaços interiores e a permeabilidade com o espaço exterior, possibilitam ventilar a vivenda naturalmente, dando a sensação de mais fresco no Verão, podendo assim reduzir ou eliminar o uso do ar condicionado. à medida que o ar se aproxima dos vãos envidraçados é arrefecido pelas zonas sombreadas e no contacto com a água da piscina.
O uso de materiais pesados e maciços na envolvente exterior, proporcionam uma maior estabilidade da temperatura interior, principalmente em climas sujeitos a grandes variações de amplitude térmica.
Os conceitos passivos não encarecem a construção, pois trata-se de conceitos da Arquitectura tradicional como o aproveitamento do Sol, vento e Água para a iluminação, aquecimento e protecção do calor dos edifícios.
A construção de edifícios que simultaneamente preenche todas as necessidades dos habitantes respeitando o ambiente e os recursos naturais do nosso planeta é denominada de construção sustentável. No entanto o conceito de sustentabilidade na construção engloba vários valores, tais como os sócio-culturais, económicos e ambientais.
Na construção sustentável torna-se importante o conhecimento das tradições construtivas da região em que o edifício se insere, preservando os valores culturais arquitectónicos e sociais de uma região na escolha dos materiais e do sistema construtivo.
Na escolha dos materiais a opção por materiais da região contribui para a diminuição da energia incorporada dos materiais (a energia incorporada é a energia despendida na extracção, fabrico e transporte dos materiais) e promove a economia local ou regional. Na opção dos materiais há que ter em preferência os materiais naturais ou reciclados, e possivelmente recicláveis no futuro.
Em termos económicos a opção pelo investimento de uma construção de qualidade durável e energeticamente eficiente tem menores custos de utilização. A gestão da manutenção do edifício e dos sistemas integrados é importante para a redução dos custos de reabilitação ou renovação do edifício, para além de que aumenta o seu ciclo de vida.
Durante a construção do edifício a gestão dos resíduos produzidos, o seu tratamento e destino são de extrema importância já que a maior quantidade de resíduos é produzida pela construção.
A avaliação do edifício e do espaço construído pode ser feito pelo sistema voluntário de avaliação português LiderA desenvolvido pelo Prof. Manuel Duarte Pinheiro (IST) à semelhança dos sistemas internacionais conhecidos como o BREEAM (Inglaterra) e o LEED (EUA).
As biopiscinas têm um custo de instalação igual ao de uma piscina tradicional, no entanto, o custo de manutenção destas piscinas é muito inferior. Estas piscinas não precisam de filtros ou cloro para tratamento da Água, sendo por isso muito mais ecológicas. o tratamento da piscina é feito através de uma zona com plantas que filtram naturalmente a Água. quando são instaladas prevê-se uma zona para natação e outra para tratamento. A renovação da Água é feita de acordo com o ecosistema através da chuva e evaporação.
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